Páginas

Total de visualizações de página

Postagens populares

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Vivências de Grupo em Arteterapia 2013

Nosso Grupo de Vivências em Arteterapia iniciado em junho de 2013.

domingo, 18 de agosto de 2013

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Meu sonho


Morar sozinho
sozinho, contigo
contigo e tudo que é seu
morar
sozinho
contigo

Beleza


Quero falar sobre a beleza da vida
quero contar a beleza do olhar
quero viver a beleza dos gestos
quero contar a beleza de estar contigo.
viver existir sentir tudo sem virgula ou ponto de interrogação
viver simplesmente. Como dizem: simples assim

terça-feira, 19 de abril de 2011

CURSO DE CINEMA DO IDEAIS



Estamos iniciando o curso de cinema com a parceria da Fancine, restam apenas oito vagas para adolescentes de 13 a 17 anos. Inscriçoes pelo telefone (24)33425621 ou33422962.

IDEAIS - Rua 31 n°159 - Vila Sta Cecília

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A Importância da Memória de Procedimentos na reabilitação de Pessoas com Transtorno Mental






Resumo
Este trabalho tem como foco principal a investigação da possibilidade de reabilitação Biopsicossocial tendo a memória de procedimentos como elemento de resgate de uma historia de aprendizado, a qual se apresenta preservada na esquizofrenia.

Palavras-chave: Memória de procedimentos, reabilitação.

1 INTRODUÇÃO:

No inicio deste trabalho proponho relatar uma compilação de dez anos de trabalho em saúde mental, passando pela experiência do manicômio e suas mazelas, a desconstrução de um modelo assistencial e a busca por uma política que pudesse fomentar a autonomia de pessoas excluídas ao longo da história por terem um transtorno que as condenava ao isolamento. Umas das frentes de trabalho, que propunha a inserção social dessas pessoas, foram trabalhados os projetos individuais com uma proposta de resgate de autonomia, dando ênfase ao plano de reabilitação em projetos terapêuticos individualizados. Assim construindo uma ação a partir da historia de vida de cada sujeito.
A eclosão do “movimento sanitário” em 1970 e toda a participação de trabalhadores para uma mudança no modelo assistencial da saúde no Brasil têm como contemporâneo o surgimento do movimento dos trabalhadores de saúde mental (MTSM), inseridos em um contexto de transformações, com a eminência da abertura política e de uma nova legislação que garantisse o acesso a saúde para todos de forma igualitária. Surgem as denúncias de maus tratos aos internos em hospitais psiquiátricos e de desinvestimento do governo federal aos hospitais psiquiátricos particulares. A violência manicomial ganhou a mídia e uma mudança se fazia necessária, tendo como principal inspiração a experiência italiana de Desinstitucionalização. Tendo como marco histórico o II Congresso Nacional do MTSM (Bauru, SP), em 1987, adota o lema “Por uma sociedade sem manicômios”. O que culminou a primeira I Conferência Nacional de Saúde Mental (Rio de Janeiro). Em 1989, dá entrada no Congresso Nacional o Projeto de Lei do deputado Paulo Delgado (PT/MG), que propunha a regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos mentais e a extinção dos manicômios no país. Levando para a discussão pública a proposta de extinção dos manicômios no país.
Em uma Intervenção no hospital psiquiátrico de Volta Redonda, a prefeitura Municipal contratou profissionais em diversas áreas do conhecimento, como preconizava o então projeto de lei, com o objetivo claro de realizar a reinserção social destes usuários. Para isso as equipes se dividiram , atendendo por equipe “A” a equipe que atenderia os usuários em crise, casos agudos e equipe “B” os usuários já cronificados e institucionalizados. Nosso artigo tem como objetivo relatar um dos casos clínicos acompanhados por essa segunda equipe e, após a apresentação do caso, apresentar algumas indagações a respeito deste processo.

A Bola e A memória
“O corpo percorre uma história tecida de palavras, ações, afetos, contatos, sensações”. É um corpo pessoal, individual, e também nesse corpo está o corpo familiar e social. As histórias convivem entre si.
Em um percurso biológico, “Relacionado com prazer e angústia, unidade e fragmentos, reparação e destrutividade”.
(Mário Buchbinder - A Poética do Desmascaramento: os Caminhos da Cura -SP: Agora, 1996 - p. 82)


Em meio a tantas dificuldades encontradas, o trabalho dentro de um hospital psiquiátrico também apresenta momentos de extrema ternura quando falamos de uma tentativa de se relacionar com alguém que está totalmente alheio ao meio externo, alguém que desistiu de se relacionar, pois tinha como principal sintoma de sua doença a dificuldade na relação e foi justamente o que lhe foi tirado como forma de tratamento. Lembro que, em uma visita em 2007 à colônia Juliano Moreira, no município de Paracambi, para realizar um trabalho acadêmico para a disciplina de saúde mental, encontrei lá a Psicóloga Paola Freire que foi extremamente solícita e nos deu muitas informações além de nos levar para dentro do Hospício e mostrar para nós as mazelas e as dificuldades que ainda existiam na reinserção daquela população. Naquele ano ainda eram cerca de 300 pessoas sobrevivendo em péssimas condições. Essas pessoas tinham todo direito de serem tratadas em seus municípios de origem e serem inseridas em residências terapêuticas, caso não tivessem possibilidade de retorno para suas famílias. Neste momento Paola nos disse: “Veja bem, se o louco tem como dificuldade principal a relação, como podem propor um tratamento que lhe tire a possibilidade de relacionar?”
Há alguns anos atrás, participei de uma equipe multidisciplinar que tinha como objetivo reinserir em suas famílias pessoas que estiveram trancafiadas anos dentro de um hospício. Atuei como recreador, como referência a de vários usuários que necessitavam recuperar a autonomia, de modo que não fossem totalmente dependentes quando estivessem com suas famílias.
Assim, encontrei um jovem de 30 anos que estava desde os 18 anos de idade consumido pelo processo de instucionalização e a consequente cronificação, causada pelas altas doses de medicação e toda a violência causada pelo sistema manicomial.
Neste encontro, Jorge (nome que adotarei a partir de agora para o cliente em questão) estava no banheiro da enfermaria passando fezes pelo corpo, delirante e com episódios de extrema agressividade. O que agravava mais ainda sua situação, pois Jorge media 1,85 e pesava cerca de 100kg. Tudo isso contribuía para que todos que circulavam na enfermaria temessem se aproximar dele. Naquele momento, um técnico de enfermagem o conduzia para o banho, possivelmente o medico de plantão seria acionado e Jorge seria sedado e contido no leito.
Nada podia ser feito se não acompanhar o processo de contenção química e mecânica daquele homem que estava muito regredido.
No dia seguinte fui a enfermaria para encontrá-lo e o mesmo não estava amarrado em seu leito porém dormia e não respondia a nenhum solicitação minha.
Em reunião com a mini equipe que atendia o usuário, conversamos da uma possibilidade de elaborar um projeto terapêutico, porém no portuário as histórias do mesmo não eram contadas o que dificultava muito qualquer ação. Tiramos como principal estratégia o resgate da historia de vida destas pessoas. A mãe de Jorge foi ao hospital para conversarmos ela relatou que o filho antes do primeiro surto, fazia natação, jogava basquete e estudava no primeiro ano numa escola agrícola, entre outras coisas. O relato da mãe foi muito importante por sinalizar que o usuário teve uma história pré-mórbida de muito aprendizado o que segundo alguns autores extremamente favorável no tratamento da esquizofrenia.
No dia seguinte lá estava eu com uma bola de basquete na mão, entrando na enfermaria, cena que se repetiu durante dois meses, para tentar uma aproximação com Jorge e o mesmo sempre recusava a se levantar ou falar comigo, ficando apenas deitado no seu leito em posição fetal.em discussão de caso com a equipe solicitei ao medico a redução do esquema medicamentoso. O que foi prontamente atendido, causando uma discussão polêmica, pois a equipe de enfermagem temerosa, questionava a redução da medicação, nos ficamos em uma situação na qual teríamos de convencer aos plantões de enfermagem que estávamos fazendo o melhor para aquele homem que estava dia após dia prostado em seu leito. No final nossos argumentos foram suficientes para sensibilizar a coordenação de enfermagem que também se responsabilizou pela conduta adotada.
Depois de algum tempo sem o excesso de medicação era visível a melhora de Jorge, que agora ficava mais tempo acordado, porém ainda muito regredido, nas minhas visitas falava algumas coisas desconexas e parecia não se importar com a bola que eu carregava; um determinado dia Jorge aceitou a sair para o pátio comigo para jogar, seus movimentos pareciam com um movimento de uma criança de três anos que jogava a bola sem nenhuma agilidade de quem um dia havia jogado basquete na vida, paralelo a esta fase o mesmo apresentava relaxamento de esfíncter, evacuava e urinava sem nenhuma continência. Solicitei avaliação clinica, a medica da equipe após alguns exames retornou dizendo que não havia nenhuma justificativa orgânica, assim continuei a ir na enfermaria e levá-lo para jogar bola todos os dias no momento em que evacuava ou urinava o mesmo era levado para enfermaria para tomar banho.
Passaram algumas semanas, sem episódios de agressividade. Em um determinado dia estávamos jogando no pátio e Jorge começa a quicar a bola e me chamar para o jogo, havia recuperado os movimentos de quem já jogara antes e pude perceber que o jogo já não era interrompido para que o mesmo fosse levado ao banheiro, pois não havia mais relaxamento de esfíncter.
Os meses se passaram e Jorge começou a ir aos finais de semana para casa da mãe que sempre relatava que o filho a agredia. Na enfermaria Jorge se debruçava na portinhola do posto de enfermagem para paquerar as técnicas de enfermagem. Era visível a melhora de Jorge no que dizia respeito sua expressão corporal, embora seu discurso fosse ainda muito delirante o mesmo estava se relacionando com as pessoas. Neste momento Jorge toma a iniciativa de fugir do hospício e pulando o muro quebra as duas pernas. O que o levou novamente para o leito da enfermaria e para a contenção mecânica pois o mesmo estava impedido de andar.
Neste ínterim, fizemos o acompanhamento de Jorge dentro da enfermaria, o mesmo não podendo se movimentar manteve o contato conosco. Após o período de recuperação da fratura, levamos Jorge para o ambulatório do hospital local para retirada do gesso, feito o procedimento saímos com o mesmo para o pátio a espera do carro que nos levaria de volta para o hospital Psiquiátrico; neste momento Jorge agride com um tapa um garoto de aproximadamente nove anos que passava a nossa frente. Diante do tumulto que se instaurou, o psicólogo que nos acompanhava foi atender o garoto e sua mãe e fiquei com Jorge esperando dentro de uma pequena sala, pois as pessoas que presenciaram a cena ficaram extremamente mobilizadas e por pouco também não fomos agredidos por estas pessoas.
Outras situações ocorreram com Jorge sua família negava veementemente a cuidar dele em casa e o pai que tinha alguma influência política fazia interferências no sentido de nos impedir a continuidade do trabalho com o mesmo. Hoje depois de quase 10 anos Jorge esta em uma residência terapêutica e segundo relatos dos técnicos o mesmo esta se adaptando bem.
Como Jorge outros usurários foram inseridos a partir de projetos individualizados porém uma das características comuns a todos eles foi a que nós da equipe conseguimos contatar um ponto de comunicação com estes usuários que estavam cronificados, este ponto era a memória de procedimento , pois em outro caso a Técnica de enfermagem que estava como referência de um homem que ficava apenas de cócoras e quando alguém passava por ele e mexia com ele o mesmo dizia insultos, esta era única comunicação que ele se permitia e com imenso mal humor até que um dia esta técnica de enfermagem pergunta a ele sobre sua profissão, então o mesmo pois a falar naturalmente de suas habilidades de marceneiro.
Desenvolvimento:


Memória:
Ivan Izquierdo denomina memórias procedurais ou memórias de procedimentos as memórias de capacidades ou habilidades motoras ou sensoriais e o que habitualmente chamamos de “hábitos”. Exemplos típicos são as memórias de como andar de bicicleta, nadar,saltar,soletrar, etc. é difícil “declarar” que possuímos tais memórias; para demonstrar que as temos, devemos de fato andar de bicicleta, nadar, saltar, ou soletrar.
Autores mais modernos, sinaliza Izquierdo, (p.ex., Danion et al.,2001) nós podemos dividir ambos os tipos de memória em explicitas e implícitas. As memórias de procedimentos são em geral adquiridas de maneira implícita, mais ou menos automática e sem que o individuo
Segundo Paul Lombroso , A memória é dividida de duas grandes formas: explícita e implícita. O hipocampo é necessário para a formação das memórias explícitas, ao passo que várias outras regiões do cérebro, incluindo o estriado, a amígdala e o nucleus accumbens, estão envolvidos na formação das memórias implícitas. A formação de todas as memórias requer alterações morfológicas nas sinapses: novas sinapses devem ser formadas ou antigas precisam ser fortalecidas. Considera-se que essas alterações reflitam a base celular subjacente das memórias persistentes. Consideráveis avanços têm ocorrido na última década em relação a nossa compreensão sobre as bases moleculares da formação dessas memórias. Um regulador-chave da plasticidade sináptica é uma via de sinalização que inclui a proteína-quinase ativada por mitógenos (MAP).

No Artigo intitulado “Aprendizagem de procedimentos e efeitos ansiolíticos” os pesquisadores relatam que a memória de procedimentos tem sido foco de investigações diversas. Ao longo dos anos tornou-se vital o entendimento deste tipo de memória em função da associação direta com tarefas do cotidiano e algumas patologias. Neste contexto, variáveis eletrencefalográficas vêm sendo analisadas em função da sua estreita relação com processos de aprendizagem motora. Em especial, a medida de coerência parece ser útil para verificar a ocorrência de co-ativação entre duas áreas corticais. Tal medida é a covariância da potência espectral entre diferentes áreas do encéfalo. A diminuição da coerência é um indicativo de especialização em determinadas regiões corticais que se traduz em aprendizagem. Esta, por sua vez, promove aumento da performance e mostra-se presente durante toda a vida. Para que isso ocorra, informações são processadas por circuitos neurais complexos, que se comunicam através de neurotransmissores.Com o objetivo de aumentar a eficiência com que as informações são transportadas, a ação dos neurotransmissores é facilitada ou inibida por uma classe de substâncias denominada neuromoduladores.

A memória não-declarativa, também chamada de implícita ou procedural, inclui procedimentos motores (como andar de bicicleta, desenhar com precisão ou quando nos distraímos e vamos no "piloto automático" quando dirigimos). Essa memória depende dos gânglios basais (incluindo o corpo estriado) e não atinge o nível de consciência. Ela em geral requer mais tempo para ser adquirida, mas é bastante duradoura.


Período Sensório-motor

segundo La Taille (2003), Piaget usa a expressão "a passagem do caos ao cosmo" para traduzir o que o estudo sobre a construção do real descreve e explica. De acordo com a tese piagetiana, "a criança nasce em um universo para ela caótico, habitado por objetos evanescentes (que desapareceriam uma vez fora do campo da percepção), com tempo e espaço subjetivamente sentidos, e causalidade reduzida ao poder das ações, em uma forma de onipotência", no recém nascido, portanto, as funções mentais limitam-se ao exercício dos aparelhos reflexos inatos. Assim sendo, o universo que circunda a criança é conquistado mediante a percepção e os movimentos (como a sucção, o movimento dos olhos, por exemplo).
Segundo Piaget, o bebê demonstra de maneira cada vez mais clara e menos ambígua à mesma medida que cresce é a capacidade de realizar ações sensórios motoras que parecem inteligentes. Ou seja, ele exibe uma espécie de funcionamento intelectual inteiramente pratico voltado para a ação; ele não exibe o tipo mais contemplativo, reflexivo, de manipulação de símbolos que geralmente associamos à cognição. O bebê “sabe” no sentido de antecipar ou reconhecer objetos e acontecimentos familiares recorrentes e “pensa” no sentido de agir a eles com sua boca, suas mãos, seus olhos e outros instrumentos sensório-motores de maneira previsíveis, organizadas e freqüentemente adaptativas. Seu tipo de cognição é inteiramente inconsciente, não simbólica e não simbolizável (pelo bebê). Também é do tipo que você mesmo exibe quando realiza muitas ações que são caracteristicamente não-simbólicas e não-pensantes em virtude de terem sido aprendidas e automatizadas – por exemplo, escovar os dentes, dar partida no carro... repetindo, ela é ima inteligência inerente que se manifesta em padrões organizados de ação sensório e motora, e daí a descrição de Piaget da cognição dos bebês como pré-simbólicas, pré- representacional e pré-reflexiva.


Reabilitação

Benedetto Saraceno é um dos principais representantes da reabilitação Psicossocial, a qual se destina a aumentar as habilidades da pessoa, diminuindo as deficiências e os danos da experiência do transtorno mental. Tal noção de reabilitação se baseia em importante distinção terminológica proposta pela Organização Mundial da Saúde, ou seja,
“Doença ou Distúrbio (condição física ou mental percebida como desvio do estado de saúde normal e descrita em termos de sintomas e sinais); Dano ou Hipofunção (dano orgânico e/ou funcional a cargo de uma
estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica); Desabilitação (disabilitá, limitação ou perda de capacidades operativas produzidas por
hipofunções); Deficiência (desvantagem,conseqüência de uma hipofunção e/ou desabilitação que limita ou impede o desempenho do sujeito ou das capacidades de qualquer sujeito)”.
o paciente carrega consigo e que é o que nós podemos efetivamente considerar como patrimônio (de risco ou de proteção), estão na realidade mais conectadas

"O hospital psiquiátrico é um dispositivo eficiente para silenciar o conflito gerado pelo paciente (na família, na comunidade, no interior do hospital) e ao mesmo tempo o gerado pela comunidade e pela família do paciente: conflitos que dizem respeito a interesses diversos e freqüentemente contrastantes. A desinstitucionalização é também liberação e escuta do conflito (dos interesses contrastantes): o paciente não mais recluso, a família aliviada, a comunidade não mais tutelada. Enfim, a psiquiatria não mais em consenso com a família e comunidade, mas desafiada a "negociar" entre interesses diversos, para garantir não mais a ausência do conflito, mas seu governo."

Segundo Saraceno, a padronização e o caráter estigmatizante ,do diagnóstico psiquiátrico são os fatores que mais contribuem para o fracasso das técnicas terapêuticas utilizadas pelos serviços de reabilitação. Além da pobreza do diagnóstico como fator preditivo da eficácia de programas de reabilitação, esse não é um instrumento que permite obter informações a respeito do contexto da vida real do indivíduo. Uma análise crítica sobre o diagnóstico “deve nos ajudar a compreender que as ‘informações’ (as variáveis) que à vida do paciente do que à sua doença, cuja identidade autônoma da vida é um artefato da clínica”


Discussão

Sabemos diante desta breve revisão bibliográfica que o universo de “Jorge”, nosso cliente do caso clinico apresentado, antes do inicio da abordagem, estava marcado por uma fase regressiva que o impedia de relacionar com o mundo externo, a partir de sua evolução pré-morbida de aprendizado iniciamos um projeto terapêutico visando a abordagem através de um apelo visual, a bola de basquete, de um investimento na relação através das visitas diárias a enfermaria, avaliação critica do esquema medicamentoso prescrito, o gerenciamento de conflitos dentro da enfermaria, quando propomos uma redução da medicação, fora do hospital quando o pai do então usuário intercedia junto ao prefeito para que nós não pudéssemos encaminhar o usuário para casa e também no momento em que ele agride o garoto no hospital geral. Estes procedimentos pensados como reabilitação psicossocial pela ótica de Saraceno, onde a desinstitucionalização é também liberação e escuta do conflito (dos interesses contrastantes): o paciente não mais recluso, a família aliviada, a comunidade não mais tutelada. Enfim, a psiquiatria não mais em consenso com a família e comunidade, mas desafiada a "negociar" entre interesses diversos, para garantir não mais a ausência do conflito, mas seu governo."
Foram inúmeros procedimentos que são inerentes ao processo de reabilitação, porem o que nos chamou a atenção foi o fato de que a memória de procedimento seria um “ponto” onde não havia um processo de fragmentação psicótica. Que muito embora o sujeito estivesse regredido que existia um zona preservada resultante de uma evolução pré-morbida favorável. Entendendo pela ótica piagetiana podemos perceber que o período sensório motor estabelece um tipo de inteligência pré-simbolizavel, este tipo de inteligência é correspondente a memória de procedimentos.
Entendemos que o período de aquisição da memória de procedimento (Flavell ET al) se insere o aprendizado iniciado desde o período Sensório-motor (0 a 2 anos), período anterior a aquisição da linguagem, fato que corrobora com a idéia de que o processo psicótico insere se como uma desorganização do discurso onde a linguagem assume um papel importante, assim com referência ao caso clinico, tínhamos um sujeito cujo aprendizado anterior ao surto pôde ser recuperado através de estímulos (afetivos e motores), bem como a memória de procedimentos, apesar de seu discurso ainda se manter fragmentado. Em relação ao discurso me permito aludir as questões inerentes ao imaginário x simbólico, segundo Volnovich, (...) real impossível intangível, mas decisivo para a constituição do imaginário e do simbólico que Lacan denomina objeto a. este objeto a, que ao observamos com cuidado constatamos ser uma falta redobrada, na medida em que o primeiro esta no outro e logo após no sujeito, é o que possibilita a entrada nas identificações e na dialética fantasmática do próprio corpo e do corpo do outro.
Neste aspecto seria legitimo afirmar que apenas nas representações do imaginário o psicótico constrói suas relações, modelos ou comportamentos inscritos em um período pré–simbólico?
O que possibilitou o resgate de uma memória corporal descrita no caso clinico e que não foi seguida de uma estruturação da linguagem?
Podemos pensar que exista uma correlação entre o processo psicótico e a memória?
Em que nível de gravidade em um processo psicótico crônico pode-se utilizar dos recursos da memória de procedimento como uma possibilidade de reabilitação?
Qual a relação entre a estimulação sensorial e a ativação da memória de procedimento em pacientes psicóticos gravemente embotados?
Entendemos os avanços da neurociência como uma possibilidade de trilhar um novo caminho no processo de prevenção e reabilitação de pessoas com transtorno mental. Esse trabalho não propõe finalizar tal discussão, mas ampliar ou abrir a possibilidade de sua investigação, no sentido de garantir a autonomia e qualidade de vida aos usuários de saúde mental.










































Bibliografia

Izquierdo, Ivan – Memória. Porto Alegre: Ed Artmed, 2002.
Flaveell,John H,Desenvolvimento Cognitivo/ Jhn h. Flavell, Patrícia H. Muler e Scott A. Miller; trad. Cláudia Dornelles. 3. Ed. – Porto Alegre: ED. Arte Médicas Sul Ltda,1999.
Saraceno B. Libertando identidades: da reabilitação psicossocial à cidadania possível. 2ª ed. Rio de Janeiro (RJ):Te Corá/Instituto Franco Basaglia; 2001.
Saraceno B. Reabilitação psicossocial: uma estratégia para a passagem do milênio. In: Pitta AM, organizadora. Reabilitação psicossocial no Brasil. São Paulo (SP): Hucitec; 1996.
Valnochi, Jorge. A Psicose na Criança...

quarta-feira, 17 de junho de 2009


Broto (R. Silva)